Portugal está de luto.
O assunto é capa de jornal em todo o mundo, é impossível alguém ficar indiferente. Na televisão sucedem-se as imagens da tragédia, testemunhos contados na primeira pessoa e diretos sem precedentes.
Sou licenciada em Comunicação Social e conheço bem o código deontológico do jornalista e as premissas básicas da informação. Desconheço, no entanto, as leis de sobrevivência e interesses dos órgãos de comunicação no geral e como espetadora não me sinto confortável com o que vejo.
Eu não quero ver corpos carbonizados com panos por cima a servirem de “cenário”. Eu não quero ver pessoas em pânico a serem entrevistadas enquanto há autoridades por trás a ordenar a evacuação imediata das aldeias.
Também dispenso ver pessoas claramente perturbadas a testemunharem que o filho e a nora e o neto morreram naquela estrada fatídica, com perguntas do gênero o que sente neste momento? Se pudesse voltar atrás o que teria feito diferente? Sério, eu ouvi bem? Dá vontade de entrar no ecrã, sacar o micro do jornalista e gritar-lhe bem alto PÁRA COM ESTA MERDA, não vês que o Sr. não tem a menor noção do que estás a fazer?
Vale tudo para sacar as melhores imagens, os testemunhos mais absurdos, as situações em tempo real, é doentio.
Tenho o maior respeito pela profissão que é super exigente, sei que também estão a arriscar as suas vidas para que nós tenhamos em primeiríssima mão a informação detalhada de tudo o que está a acontecer mas assim também não. Há limites para fazê-lo e custa-me assistir de sofá a este sensacionalismo barato.
Para quem pretende ajudar as vítimas desta tragédia que perderam tudo pode fazê-lo com donativos financeiros para esta conta que a Caixa geral de Depósitos criou para o efeito.
Mais de 10.000 pesssoas seguem este blog, se todos doarem apenas 1€ será uma grandiosa ajuda para quem tudo perdeu.
Conto com vocês?
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