Era uma vez um bacano a quem chamavam Martinho que acelerava feito parvo na sua moto4 no meio do mato. Chovia a potes mas assim é que dava pica. Martinho era um vaidoso de primeira e adorava postar nas redes sociais tudo o que fazia no dia-a-dia. Numa das suas muitas paragens para tirar selfies e carregar no Instagram e Facebook viu um gajo com ar assustado e dirigindo-lhe a palavra perguntou :
– Hei bro oquéquetás aqui a fazer meu?
– Epá jovem vim gamar laranjas e perdi-me, fiquei sem bateria no iphone, o GPS deixou de funcionar, o Ipad fo***-se com a chuvada e agora tava aqui a curtir um som no Ipod.
– Granda cena meu, azar do c***lho. Posso dar-te boleia e vamos mazé pitar castanhas com shots de água pé.
– Bacano, mas primeiro tiramos uma selfie e postas no meu mural.
– Tá-se.
E assim seguiram os dois muito divertidos a contar as suas conquistas no pro evolution soccer. O tempo continuou frio e chuvoso porque a velha lenda do Verão de S. Martinho é tudo bullshit.
A Verdadeira Lenda
Segundo reza a lenda, num dia frio e tempestuoso de outono, um soldado romano, de nome Martinho, percorria o seu caminho montado no seu cavalo, quando deparou com um mendigo cheio de fome e frio. O soldado, conhecido pela sua generosidade, tirou a sua capa e com a espada cortou-a ao meio, cobrindo o mendigo com uma das partes. Mais adiante, encontrou outro pobre homem cheio de frio e ofereceu-lhe a outra metade. Sem capa, Martinho continuou a sua viagem ao frio e ao vento quando, de repente, como por milagre, o céu se abriu, afastando a tempestade. Os raios de sol começaram a aquecer a terra e o bom tempo prolongou-se por cerca de três dias. Desde essa altura, todos os anos, por volta do dia 11 de novembro, surgem esses dias de calor, a que se passou a chamar “verão de S. Martinho”.