Enquanto escrevo este texto estão provavelmente milhares de pessoas à deriva num barco de borracha algures pelo mediterrâneo. Uns estão a afogar-se, outros com fome, muitos em sofrimento, todos com medo certamente. São homens, mulheres, crianças, bebés. Fogem à guerra, à fome, à instabilidade, ao extremismo. Vêm à procura de paz, comida, civilização e quiçá de Vida. A maioria é resgatada e conduzida para uma espécie de campo de concentração onde ficam à espera do desconhecido. Na realidade ninguém sabe o que fazer a tantas pessoas. Vêm aos milhares, já são milhões e ninguém os quer.
Despois há os filhos da puta que lhes prometem o paraíso e enchem os bolsos à conta da miséria alheia. Gentinha poderosa por aquelas bandas que ilude, rouba o pouco que têm e leva-os para o mar de onde com muita sorte se safam. Gente que não é gente.
Pela comunicação social chega-nos imagens da desgraça. Pais desesperados com crianças pela mão. Bebés, muitos bebés e mulheres grávidas. Um menino morto que o mar devolveu à terra e que era filho de alguém. Podia ser meu filho.
Fogem por medo, navegam durante dias, percorrem km a pé por toda a Europa e nada melhora na vida dos migrantes, pessoas, as pessoas que ninguém quer.
Fogem por medo, navegam durante dias, percorrem km a pé por toda a Europa e nada melhora na vida dos migrantes, pessoas, as pessoas que ninguém quer.